segunda-feira, 23 de março de 2009

A mulher é a carne mais barata do mercado



“Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante”, Carlos Drummond de Andrade.


Seu Jorge, Marcelo Yuca E Wilson Capellette foram únicos ao dizerem que a carne mais barata do mercado é a carne negra. Eu ouso fazer um trocadilho, “a carne mais barata do mercado é a carne feminina. Embora mereça valor inestimável, a mulher tem esquecido do tesouro que possui em si mesma. Me senti na liberdade de mudar a letra da música de Seu Jorge e companhia: “Quem vai de graça pra cama. E para debaixo dela. Quem vai de graça pro escuro. E pros motéis enlouquecidas. A carne mais barata do mercado é a carne feminina. Quem fez e faz história segurando esse país no braço. A mulher aqui não se sente revoltada, porque os conselhos já foram lançados e o desespero é lento, mas muito bem intencionado. E esse país vai deixando todo mundo fútil e o cabelo esticado. Mas mesmo assim, ainda guardo o direito de algum antepassado da mulher brigar sutilmente por respeito. Brigar bravamente por respeito, brigar por justiça e por respeito de algum antepassado da mulher. Brigar, brigar, brigar. A carne mais barata do mercado é a carne feminina. No último fim de semana fui em uma danceteria na cidade de São Paulo, só tinha gente bonita e os ditos “globais”. Era festa de uma agência de modelo, homens sarados, meninas magras com cabelos que nasceram para ser sacudidos em um comercial de xampu. Isso me fez lembrar de um texto da escritora Martha Medeiros. “Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar (ou quase). Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém. Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?”. Seria porque as mulheres estão tão liberais que não precisam mais de um companheiro? Ou seria porque as mulheres estão tão independentes que os homens tem receio dessa autoconfiança? Se alguém descobrir me conte. Porque as vezes penso que elas não querem, outra hora tenho ceteza que eles só “as” querem. Claro que pra toda regra existe sua exeção, mas quanto maior o número de pessoas por metro guadrado menor a possibilidade da exeção. Você dificilmente vai arrumar um namorado na balada. As mulheres vão para as festas seminuas, achando que vão arrumar um “bom partido”, dali tenha a certeza que não vai passar de uma “vida tão vulgar” como diria Claudinha Leite. O homem continua com seu instinto animal, vai para as festas para caçar, sempre foi assim desde os tempos das cavernas. Eles procuram as mulheres com os corpos mais “reforçados”, antigamente se procurada o corpo reforçado para criar filhos saudavéis. Hoje os corpos “reforçados” são para deixar o homem “saudavel”. Ao ver as moças exibidas na danceteria, com pernas de fora, empoleirada nos lugares mais auto, dançando “periguete”, me lembrei das carnes expostas no açougue. Sabe quando chegamos a um açougue e tem todos os tipos de carne à mostra pra quem quiser comprar? Com gordurinha ou magrinha, maior ou menor. A expressão que tenho é que as mulheres saem para serem caçadas, e os homens ficam lá imunes, esperando que elas se ofereçam. É como se o corte de carne falasse: “Tô aqui me compra que eu sou a mais gostosa”. Martha parece entender esse universo paralelo, onde os homens são de marte e as mulheres são de vênus e ninguém sabe quem é e o que quer. “O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato.“Quem pega mais numa única noite”. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia pegar sete caras, pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegue e use, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos. No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário?”.
Eu como mulher fico triste em escrever esse texto e confesso que tomei cuidado com cada palavra para que não fosse mal interpretada. Eu faço parte do mundo feminino e logo sou incluída nessa sociedade sem conteúdo, onde o cérebro ficou esquecido junto com os princípios. O mais cômico é a mulher considerada careta que costuma sair com uma roupa brega, longa sem mostrar as curvas, de repente ser seduzida por alguns minutos de “olha pra mim” e se tornar parecida com as outras pra se senir normal. Atire a primeira pedra que nunca se exibiu para sentir autoconfiança. A mulher deve se independente, inteligente, moderna, mas não deve esquecer que é mulher. A mulher é a primeira maravilha, ela chora, é complicada, sentimental, linda, faz milhões de coisas ao mesmo tempo, dá a luz, amamenta, se apaixona e faz se apaixonarem por ela. A mulher tem um valor inestimável, como já disse no inicio desse texto, e às vezes ela esquece disso e acha que é apenas um pedaço de carne no açougue, ela precisa ser sábia para ser a mulher que merece. As Sagradas Escrituras falam da mulher sábia.. Toda mulher sábia edifica a sua casa; a insensata, porém, derruba-a com as suas mão". (Provérbios 14:1) Por fim mais uma da Martha. “O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida. ‘Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante’, (Drummond). Mas não se esqueça: Assim como não se deve misturar bebidas, misturar pessoas também pode dar ressaca”.

Um comentário:

Marcos Fernando disse...

Concordo com a escritora...a juventude perdeu o romantismo na efemeridade de ficar.