quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Brás e Maria: 50 anos de casados




(Texto escrito para festa de 50 anos de casamento)

Ele estava de terno e um guarda-chuva debaixo do braço. Era noite de natal de 1958 e fora até a Praça da cidade de Conceição do Ouros. Sua intenção era encontrar uma certa moça, porém, o destino quis que naquele dia os caminhos de Braz José Palma se cruzassem com os de Maria Lauriana da Conceição.
Ela fora passear e jamais poderia imaginar que naquele dia uma frase iria registrar essa historia 50 anos depois. “Veio aquele bonitão na minha frente e a boba aqui caiu”. Seu Braz vaidoso diz “homem atrente é homem atraente”.
Começou então o namoro. Ela morava na roça no município de Cachoeira de Minas, ele também na roça, mas em Conceição dos Ouros. Devido a distância o encontro acontecia todo domingo das 14h até as 20h. Essa rotina durou um pouco mais de um ano. O que eles faziam a tarde toda? Namoravam. Como? Sentados perto um do outro convernsando. O que ? Coisas bobas que a memória não relata, diz o casal. Coisas bobas que deram origem a 9 filhos,14 netos, 2 genrros e 6 noras. “Tinha dias que o seu Alziro, pai de dona Maria perguntava: Vai posar aqui hoje?”. Brás aceitou duas vezes o convite. Em uma dessas vezes, através de um simples gesto, Brás descobriu que ela o amava. “Quando posei na casa dela e no dia seguinte enquanto arriava o cavalo, a Maria fritou linguiça e deu para eu comer com farinha. Linguiça a gente come na hora do almoço.”
Após três meses de namoro, Brás não apareceu no fim de semana como era de costume e pediu que um amigo avissase que não iria por um motivo qualquer. Maria muito esperta pensou “ele é muito namoradeiro, de certo foi encontrar alguém”. Por pirraça, arurmou um paquera para bater um papo. Para nossa sorte, Maria não se interessou pelo rapaz e contiunuo a namorar Brás. Seu Brás afirma que o lugar onde namoravam exite até hoje, e que os pézinhos deles devem estar gravados lá.
Já com o casamento marcado, Seu Brás perguntou a Maria: Vai me dar um beijo? E ela deu-lhe foi um tapa. Maria diz que “foi tapa de amor...ele que não entendeu nada”. A música que lembra o namoro? "Boneca cobiçada", ela tocava no parquinho da praça toda vez que eles iam namorar. Depois de casados “beijinho doce” é que foi a trilha sonora do casal.
Era 19 de janeiro de 1959. Após um mês de chuva incesante, São Pedro resolveu dar trégua e mandar o sol para iluminar aquela tarde de segunda-feira! Segunda-feira? Alguém aqui já foi em uma cerimônia matrimonial em um dia considerado o dia mundial da ressaca, da preguiça...não? Então eu lhes digo que Dona Maria e Seu Braz resolveram juntar as escovas de dentes em um dia atípico. Seria essa a receita? Jovens marquem seus casamentos em uma segunda-feira e quem sabe terão a benção de conviver 50 anos ao lado de mesma pessoa.
No dia do casamento, Maria foi a pé de sua Casa na roça até a cidade em Conceição do Ouros, andou 17 km. Isso que é amor hein?!! O padrinho de casamento levou suas roupas à cavalo para cidade. Chegando à cidade, a noiva foi para casa do padrinho que era casado com sua tia. Maria lavou os pés e o rosto, colocou vestido e sua prima e fez a pintura no rosto. Braz foi de terno de casimira e um sapato “vagabuuundo”. O noivo contou que a Maria estava um “brinco” no dia do casamento.
Após o casamento, teve um jantar. O caminhão que levou os convidados para festa atolou no meio da estrada. O noivo teve que ajudar a puxar a corda para desatolar o caminhão. A festa teve macarrão com frango, popular naquela época, e cerveja quente, pois não havia geladeira. Mas hoje os pombinhos afirmam que a cerveja estará gelada. A festa não teve fundo musical, apenas um discurso do tio da noiva e do irmão do noivo, João Palma que após 50 anos está presente novamente.
Seu Brás diz sem nenhum receio “Ela morria por minha causa, até hoje ela me ama!”. Mas todo esse amor de Maria por Brás... E o amor dele por ela? Em poucas palavras seu Brás fala o que sente: Ao lhe perguntar quantos anos acha que vão viver juntos, ele responde: “Por mim ela viveria mais 100 anos, eu nasci pra ela e ela nasceu pra mim !

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sempre Feliz, mesmo não estando!!!



(Texto escrito em 2007.....)

Do que adianta, gritar, pular fazer a tempestade em copo d’água? Nada vai mudar, ou melhor, a vida vai continuar a mesma quer você queira, quer não. A Tristeza é passageira, pode durar um tempo suficiente para te matar de tanto chorar, mas só vai depender de você. É normal que ninguém viva 24h por dia 365 dias por ano feliz. Seria até chato se a vida fosse assim, só paz e amor. O que seria do verde se o rosa não existisse?!
O que todos nós devemos fazer é sorrir, sorrir sempre e fingir que a vida é bela, porque na verdade ela é bela. Não deixe o seu sorriso transparecer as lágrimas do seu coração. Chorar é bom, mas chore no seu quarto, no ombro do seu melhor amigo, da sua mãe, ou do seu amado. Não precisa ficar chorando pelos cantos pra todos verem. Ninguém gosta de ver pessoas tristes, ninguém gosta de ficar ao lado de pessoas depressivas que só reclamam da vida e que tem sempre algo de negativo a dizer. As pessoas querem alegria, elas já estão cansadas dos próprios problemas e não querem ouvir os dos outros. A não ser que for de uma pessoa muito importante. Caso contrário ninguém quer passar a balada ou o fim de semana ouvindo o outrem reclamar que a vida esta uma medra. Isso todos já sabemos...a merda não é a novidade a novidade é a forma como você faz essa merda desaparecer.
Um amigo me ensinou que a gente deve sempre aproveitar os bons momentos e fazer com que os ruins se tornem bons. Que devemos sempre nos sentir bens perante as situações e que não vale a pena achar tudo chato. Que um fim de semana do lado de um amigo, em uma festinha de rua, pode ser maravilhoso e que isso só depende de você. Esse meu amigo me ensinou que a vida é uma só e que devemos ser felizes. Que, se quem você ama não te ama, você vai fazer o que? Se matar, morrer de depressão? Claro que não, você tem mais é que ser feliz e seguir a sua vida. É claro que vai doer lá dentro do coração, mas fazer o que??? Não há o que fazer, a não ser feliz!!!!!
Não adianta você entrar em todas as comunidades “down “do orkut, colocar carinhas tristes no seu nick do msn, escrever coisas chatas nos eu blog. O máximo que tudo isso trará é uma imagem de uma pessoal triste, mal-humorada ou perguntas do tipo. O que você tem? Está triste? O que aconteceu? E essas perguntas não vão mudar em nada, às vezes só piorar. O seu amigo de verdade não vai de perguntar isso, por que provavelmente você já contou a ele o que te incomoda ou o mesmo percebeu que você não está bem. E se as pessoas que realmente te amam não vão fazer perguntas sobre você, do que importa as perguntas de pessoas que não querem ajudar e só saber da sua vida?! Mesmo que os outros não perguntem, irão saber que você não esta bem e pra que o mundo precisa saber que o bode chegou e parou na sua vida??????????????
Por isso, “é melhor ser alegre do que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe”!!!!!.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sua psicologia está errada: ficar todo mudo fica!


“Eu sou de ninguém, eu sou de tudo mundo e todo mundo me quer bem, eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também”


Hoje em dia se você “já sabe beijar de língua e já sabe aonde ir, só resta sair”, como diz os Tribalistas. Mas beijar na boca e saber sair de casa é saber o que realmente quer? Se for, tem uma galera com 12 anos que sabe mais o que quer da vida do que eu. A moda é beijar na boca, ser de todo mundo e não ser de ninguém? O pessoal do tempo antigo passaria mal ao ver como os jovens de hoje se comportam. Mas tente entende-los (sem apologias, eu vou explicar o raciocínio). Quando você é de ninguém e de todo mundo, você não sofre, não se apega e fica tudo em paz. Assim vai levando a vida, curtindo com o errado enquanto não acha o certo.(O duro é se o certo aparecer quando você estiver com errado e ai “bal-bal”). È assim que funciona, pra que ser só de alguém? E se esse alguém para de gostar gente? Ai tem o João, o Pedro, o Henrique (No caso dos meninos, a Maria, a Joana, a Lúcia), pra afogar as mágoas. Nossa sociedade tem medo do afeto, do amor, carinho, da vivência, da entrega e cumplicidade. Quando você não tem um compromisso firmado com niguém, não cria expectativas na pessoa, dificilmente algum ato de libertinagem seu irá fazer com que o outro não lhe queira bem. Por isso é melhor “ser de ninguém e todo mundo te querer bem” (?). A mesma música que me fez querer escrever sobre o assunto, em sua letra há uma referência sobre a televisão. “Não tenho paciência para a televisão Eu não sou audiência para a solidão”, voltamos ao velho ditado quando os pais tinham uma penca de filhos. “Vocês não tem TV”?. Com a programação precária da nossa televisão brasileira, resta apenas sair de casa ou fazer uma festinha em casa mesmo. Jovens, adultos e jovens senhores estão sempre se reunindo para tomar uma geladinha e jogar conversa fora. Essa reunião ao mesmo tempo que fortalece os laços da amizade e faz nascer novas amizades (coloridas). Um amigo que leva outro amigo que leva outro e a turma vai crescendo e as pessoas vão se “entrelaçando”. “Tô te querendo como ninguém. Tô te querendo como Deus quiser. Tô te querendo como eu te quero. Tô te querendo como se quer”. Essa parte é a mais difíciil de decifrar ao meu entender, porém a mais interessante. É incrível como as pessoas se comportam de forma singular quando estão com alguém. O casal diz: eu te quero como ninguém mais, (só hoje e quem sabe amanhã). As pessoas durante um encontro agem de forma única e tão verdadeira que chegam a parecer um conto de fadas. Só que esse conto acaba no fim da noite com um “beijo, me liga!!!”. Na verdade está embutido nessa frase: Foi um prazer e até quem sabe....ou melhor, “Tchau, I have to go now....tchau”!!!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

“Pra que etiqueta, ter boas maneiras, se estamos do lado de cá da fronteira”.


“Pra que conteúdo, se a casca é bacana, a foto é perfeita, o riso é sacana. O mundo é blasé, pró seco rose”. (Banda Chicas)

A população ocidental acha um absurdo a cultura dos orientais, as relações familiares, políticas e afetivas. Porém o lado de lá é milenar, e logo deveria ser mais evoluído, porém aos olhos ocidentais eles são um povo atrasado. Com a novela “Caminho das Índias”, a cultura indiana está em alta. Além da Índia, outros paises do oriente tem se destacado com a China que tem mostrando o porquê será a “grande potencial mundial” (eu penso que sim).

A cultural oriental tem invadido as casas através dos desenhos Pokémon, Digimon, Dragon Ball, Dragon Ball-Z e curtas metragens como Power-Rangers e Cavaleiros do Zodíaco. Não adianta negar, o mundo globalizado está misturando as civilizações.

As mulheres usam as bijuterias do lado de lá, a população em geral usa dos provérbios e reflexões em busca de um equilíbrio, enquanto eles comem o Mc Donald’s produzido do lado de cá .Essa reflexão me fez lembrar a música Geração Coca-Cola do Legião Urbana “Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês nos empurraram com os enlatados dos U.S.A., de nove as seis. Desde pequenos nós comemos lixo comercial e industrial. Mas agora chegou nossa vez. Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês”.

A cultura da Índia é uma das culturas mais antigas que conhecemos. Alguns afirmam ter mais de quatro mil anos. A cultura indiana antiga dividia a sociedade em quatro categorias de ofícios e quatro de idades. Esse sistema tem o nome de Sanatana Dharma. Tal aspecto cultural gerou diversas distorções na sociedade contemporânea e apesar de oficialmente banido, continua sendo infamemente praticado.

Um exemplo são os Dalits, que para a cultura indiana, representa uma classe de cunho inferior, tida como impura. Eles fazem os trabalhos considerados mais desprezíveis: recolha de lixo e coveiros. Uma pessoa de classe superior ao dalit jamais pode ter contato com um dalit. Por isso chamados de intocáveis. Dalits só se relacionam entre si. É uma classe marginalizada pela sociedade.

Hipocrisia é dizer que eles são um povo atrasado e preconceituoso e que fazem coisas do “arco da velha”, como dirá minha avó. Não pasmem, eu vou me explicar. Os indianos tem preconceito em relação aos dalites, equivalentes os mendigos e favelados. Alguém se arrisca a dizer que não existe preconceito em relação à eles? Na Índia os casamentos são arranjados, eles afirmam que o casamento é como uma panela de água, quando casam a água está fria, e aos poucos vai esquentando até borbulhar, eis é o amor. Aqui os casamentos são feitos com a água pelando e depois a água esfria tanto que não se perde só amor, mas o respeito, o que foi conquistado junto até que o casamento chegue ao fim por conta de uma relação intolerante (deixo claro, não estou generalizando, mas temos ao nosso redor vários exemplos).

Talvez devêssemos dar mais atenção para esses povos, ao invés de simplesmente acha-los bizarros e desumanos quando um homem bomba busca seu paraíso com suas sete virgens. Não se compara, e longe de fazer apologia a qualquer tipo de crime, mas aqui vemos cada coisa ser feita por sete virgens...Esses povos tem certas crenças que foram arraigadas desde o nascimento. Quem está certo quando o assunto é cultura, religião e costumes? Desde que não se prejudique o próximo, todos estão certos. E os povos da África? Isso é assunto para outro artigo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

“Ser mulher é algo difícil, já que consiste basicamente em lidar com homens”.




Quantas vezes você abandonou alguém com medo de ser abandonado?Quantas vezes você não se entregou ao amor com medo de perder o controle?


Leidiana Palma
A mulher, que antigamente queria segurança no casamento, hoje procura amor. O grande medo do homem moderno é amar e ser amado. Eis o dilema do ser humano que é querer viver um grande amor e ao mesmo tempo procurar destruí-lo. Esse receio, como diria Shakespeare, “nos faz perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar”.
Os homens esperam que as mulheres se comuniquem racionalmente como eles o fazem. As mulheres, por sua vez, esperam que os homens se sintam e se comuniquem da mesma forma que elas. Assim esquecemos que homens e mulheres são diferentes e por consequencia agimos diferentes. Por isso nossos relacionamentos vivem rodeados de conflitos.“Supomos erroneamente que se o(a) nosso(a) parceiro(a) nos ama, vai reagir e se comportar de certa maneira? As maneiras que nós reagimos e nos comportamos quando amamos alguém”. (Livro – “Os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus”). Os homens são motivados quando percebem que são necessários, enquanto as mulheres se motivam por serem mimadas. Quer conquistar o amor de uma mulher? Ignore-a. É verdade. As feministas que me desculpem. Como diria Sócrates, “o ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo”. Se fosse fácil o relação homem/ mulher Drummond não teria escrito: “amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão.
Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão”.
Admiração é o encontro de cada um de nós com o que há de belo no outro. Um dia me falaram que mais do que amor pelo parceiro, era preciso ter admiração. Confesso que sigo essa linha de raciocínio; porque esperar pelo príncipe encantado num cavalo branco e sentir borboletas batendo asas dentro da gente é conto de fadas. Precisamos de coisas mais palpáveis, coisas reais. As mulheres procuram ilusões, pessoas que não podem ser tocadas, amores platônicos. Talvez seja um refúgio. O homem não, ou ele entra para consagrar ou ele acha que vai dar certo e ponto. Poucas pessoas suportam a solidão, porém vivem com medo da rejeição. Então, a saída é ficar no ponto de equilíbrio entre a solidão e um grande amor, no qual há a sensação de que tudo está bem. A mulher coloca um ponto final quando não ama mais. O Homem quando não aguentam mais. “Amar não é viver assustado, procurando adivinhar o que o parceiro quer para obter sua aprovação, ou temendo o seu mau humor. O verdadeiro amor nos dignifica e nos dá a real dimensão do nosso valor”.(Livro – “Amar pode dar certo”).
Pra quem leu “Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor”, vale lembra de um trecho onde explicam que a mulher tem visão ampla enquanto o homem tem uma visão fechada. Ao chegar em uma festa a mulher percebe logo aquela linda mulher no fundo do salão com o vestido vermelho com uma rendinha na barra. Ai, solta a infeliz frase. – Você esta olhando pra ela né? Ele, sinceramente diz. –Ela quem? - Não se faça de bobo, a de vermelho no fundo do salão. O homem olha pra trás pra ver quem é e leva um beliscão enquanto a mulher diz: - Vai, olha mesmo!
Em “As mentiras que os homens contam” de Luiz Fernando Veríssimo ele retrata esse mundo complicado e perfeito dos homens e mulheres. Um conto que tenho apreço é pelo marido que perde a aliança.“Ele teve que parar na estrada para trocar o pneu do carro, e como sua mão estava cheia de óleo, a aliança escorregou, sem querer ele chutou, ela foi para o meio do asfalto e um carro a jogou para dentro de um bueiro. Com medo de contar essa história para a esposa, que obviamente não acreditaria, ele diz que estava no motel com outra mulher e a aliança caiu no ralo da banheira. A reação da esposa? Perdoou, pois pelo menos ele disse a verdade”. Engraçados como as coisas poderiam ser mais simples se homens e mulheres entendessem uns aos outros. Tenho muitos amigos homens e converso com eles sobre relacionamentos e vejo o quanto a mulher fantasia em cima de uma simples declaração ou gesto. “Os homens erroneamente oferecem soluções e invalidam sentimentos enquanto as mulheres oferecem conselhos e orientações não-solicitados”.(Livro- “Os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus”).
Quando duas pessoas estão empenhadas em ter uma relação saudável e gratificando ambas, fazem mudanças e concessões. Ninguém é referência de felicidade pra ninguém. Leonardo Boff em sua sabedoria disse: “os maiores inimigos do amor são o medo e a indiferença. O medo estiola a pulsação vital e transforma o amor em angústia. A indiferença supõe a morte do amor”.
Mesmo assim acho que acreditar no amor vale a pena. Termino esse lamento com um poema do Mário Quintana. “Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades, às pessoas, que a vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim e que valeu a pena”.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Não fui eu que escrevi, foi o meu eu-lírico

“Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever” (Clarice Lispector)

Se expressar através da escrita é uma das formas mais difíceis em minha opinião. A escrita é mais transparente, por cada palavra ser pensada, lida e relida e as vezes excluída quando quem escreve a acha desnecessária. É exatamente isso que assusta quem escreve, a transparência de suas palavras. Ao escrever, não se usa máscaras nem escudo, pois escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido, logo seremos mais facilmente atingidos pelas críticas. Ao manter um diário, independente do sexo ou da cidade, o “diarista” não deixa ninguém ler. Esses só são vasculhados às escondidas ou após a morte de quem os escreveu. O diário é a forma mais sincera de uma pessoa se comunicar com ela e com o mundo. Afinal a ideia é que ninguém leia o que foi escrito, pois “escrevendo eu sou capaz de expressar palavras que eu jamais deixaria fluir pelo som da minha voz” ( Mara Chan, escritora espanhola de 24 anos). Hoje temos a chamada liberdade de expressão descrita em nossa constituição. Porém houve épocas no Brasil em que não se podia escrever o que se passa entre um neurônio e outro. Chico Buarque foi ameaçado pelo Regime Militar no Brasil, esteve exilado na Itália em 1969. Nessa época teve suas canções “Apesar de você” e “Cálice’ censuradas pela ditadura brasileira. Adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide, com o qual compôs apenas três canções: "Milagre Brasileiro", "Acorda amor" e "Jorge Maravilha". Usava do pseudônimo para driblar a censura, então implacável ao perceber seu nome nos créditos de uma música.
Muitas vezes o poeta usa do eu-lírico que é quando os sentimentos expressados não foram sentidos, ou sentidos com menos intensidade. O eu-lírico é a voz que fala no poema e nem sempre corresponde à do autor. O eu-lírico pode ou não expressar as vivências efetivas do poeta, mas a validade estética do texto independe da sinceridade do mesmo.A dúvida que cai é se muitos escritores não usam do eu-lírico para camuflarem a realidade. As palavras ditas em sua essência amedrontam os que escrevem e os que leem..
Fernando Pessoa tinha três heterônimos, personagens por ele criado, que escreviam de formas diferenciadas. Porém Fernando Pessoa afirmou discordar dos seus personagens. "Não há que buscar em qualquer deles idéias ou sentimentos meus, pois que muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive", afirmou o poeta a respeito de seus heterônimos.
Porque escrever algo que não se sente? E se não se sente há necessidade de deixar isso claro? Escrever o que realmente passa em nossas mentes é a tarefa mais difícil. Penso por isso que “o poeta é um fingidor que finge completamente e chega a fingir que é dor a dor que deveras sentes”, (Fernando Pessoa).
Carlos Drummond de Andrade começou a escrever poemas eróticos no fim de sua carreia Em 1992 publicou o livro de Poemas Pornográficos expondo um lado radical do poeta. O mais ousado foi o livro “O Amor Natural”, que revelou as poesias eróticas/pornográficas que Drummond manteve ocultas. Poucos amigos seus as conheciam e o poeta só aceitou que elas fossem publicadas após a sua morte. Mário de Andrade costumava dizer que a culpa destes poemas eróticos era a timidez de Drummond. Mário também falou sobre esse dilema que é escrever. “Escrevo sem pensar tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi”.
Acredito que a mudança de comportamento vivenciada na década de 50 por Drummond, somada ao avanço de sua idade seja o motivo da liberação sexual em seus poemas, embora tons eróticos podem ser percebidos levemente em suas obras desde da década de 20 quando mostrar um tornozelo era erótico. “O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada”.
Como já foi dito em outra resenha, Clarice descrevia sua alma, mas em entrevistas evita falar de si mesma. Clarice perante as câmeras era tímida, em seus textos falava sem pudor. “Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro”. Me retifico quando disse que escrever é uma tarefa árdua. Escrever não é difícil, o difícil é mostrar as pessoas o que você escreveu, pois “escrever é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial”. Virginia Woolf.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A mulher é a carne mais barata do mercado



“Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante”, Carlos Drummond de Andrade.


Seu Jorge, Marcelo Yuca E Wilson Capellette foram únicos ao dizerem que a carne mais barata do mercado é a carne negra. Eu ouso fazer um trocadilho, “a carne mais barata do mercado é a carne feminina. Embora mereça valor inestimável, a mulher tem esquecido do tesouro que possui em si mesma. Me senti na liberdade de mudar a letra da música de Seu Jorge e companhia: “Quem vai de graça pra cama. E para debaixo dela. Quem vai de graça pro escuro. E pros motéis enlouquecidas. A carne mais barata do mercado é a carne feminina. Quem fez e faz história segurando esse país no braço. A mulher aqui não se sente revoltada, porque os conselhos já foram lançados e o desespero é lento, mas muito bem intencionado. E esse país vai deixando todo mundo fútil e o cabelo esticado. Mas mesmo assim, ainda guardo o direito de algum antepassado da mulher brigar sutilmente por respeito. Brigar bravamente por respeito, brigar por justiça e por respeito de algum antepassado da mulher. Brigar, brigar, brigar. A carne mais barata do mercado é a carne feminina. No último fim de semana fui em uma danceteria na cidade de São Paulo, só tinha gente bonita e os ditos “globais”. Era festa de uma agência de modelo, homens sarados, meninas magras com cabelos que nasceram para ser sacudidos em um comercial de xampu. Isso me fez lembrar de um texto da escritora Martha Medeiros. “Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar (ou quase). Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém. Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?”. Seria porque as mulheres estão tão liberais que não precisam mais de um companheiro? Ou seria porque as mulheres estão tão independentes que os homens tem receio dessa autoconfiança? Se alguém descobrir me conte. Porque as vezes penso que elas não querem, outra hora tenho ceteza que eles só “as” querem. Claro que pra toda regra existe sua exeção, mas quanto maior o número de pessoas por metro guadrado menor a possibilidade da exeção. Você dificilmente vai arrumar um namorado na balada. As mulheres vão para as festas seminuas, achando que vão arrumar um “bom partido”, dali tenha a certeza que não vai passar de uma “vida tão vulgar” como diria Claudinha Leite. O homem continua com seu instinto animal, vai para as festas para caçar, sempre foi assim desde os tempos das cavernas. Eles procuram as mulheres com os corpos mais “reforçados”, antigamente se procurada o corpo reforçado para criar filhos saudavéis. Hoje os corpos “reforçados” são para deixar o homem “saudavel”. Ao ver as moças exibidas na danceteria, com pernas de fora, empoleirada nos lugares mais auto, dançando “periguete”, me lembrei das carnes expostas no açougue. Sabe quando chegamos a um açougue e tem todos os tipos de carne à mostra pra quem quiser comprar? Com gordurinha ou magrinha, maior ou menor. A expressão que tenho é que as mulheres saem para serem caçadas, e os homens ficam lá imunes, esperando que elas se ofereçam. É como se o corte de carne falasse: “Tô aqui me compra que eu sou a mais gostosa”. Martha parece entender esse universo paralelo, onde os homens são de marte e as mulheres são de vênus e ninguém sabe quem é e o que quer. “O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato.“Quem pega mais numa única noite”. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia pegar sete caras, pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegue e use, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos. No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário?”.
Eu como mulher fico triste em escrever esse texto e confesso que tomei cuidado com cada palavra para que não fosse mal interpretada. Eu faço parte do mundo feminino e logo sou incluída nessa sociedade sem conteúdo, onde o cérebro ficou esquecido junto com os princípios. O mais cômico é a mulher considerada careta que costuma sair com uma roupa brega, longa sem mostrar as curvas, de repente ser seduzida por alguns minutos de “olha pra mim” e se tornar parecida com as outras pra se senir normal. Atire a primeira pedra que nunca se exibiu para sentir autoconfiança. A mulher deve se independente, inteligente, moderna, mas não deve esquecer que é mulher. A mulher é a primeira maravilha, ela chora, é complicada, sentimental, linda, faz milhões de coisas ao mesmo tempo, dá a luz, amamenta, se apaixona e faz se apaixonarem por ela. A mulher tem um valor inestimável, como já disse no inicio desse texto, e às vezes ela esquece disso e acha que é apenas um pedaço de carne no açougue, ela precisa ser sábia para ser a mulher que merece. As Sagradas Escrituras falam da mulher sábia.. Toda mulher sábia edifica a sua casa; a insensata, porém, derruba-a com as suas mão". (Provérbios 14:1) Por fim mais uma da Martha. “O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida. ‘Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante’, (Drummond). Mas não se esqueça: Assim como não se deve misturar bebidas, misturar pessoas também pode dar ressaca”.